Sociedade dos Meninos Gênios -Lev Ac Rosen


ROSEN, Lev Ac. A Sociedade dos Meninos Gênios. Tradução Henrique Monteiro. Ribeirão Preto, SP: Editora Novo Conceito, 2014. 544 páginas. Título original: All men of genius.

"Com os ombros caídos, Violet pousou o lápis e começou a enrolar os esboços da dançarina mecânica. Franziu o cenho, pensando nela - o que mais as mulheres deveriam fazer, além de dançar e ter filhos? Ela e sua futura bailarina mecânica eram iguais. Não se esperava grande coisa delas, mas ali estava Violet, esforçando-se para esconder seu sexo e tentando provar que merecia uma oportunidade igual no mundo científico." (p. 152)

Que o gênero steampunk veio para ficar, eu não tenho dúvidas, eu só não imaginava ficar tão encantada assim com o estilo, a ponto de emendar uma leitura na outra, rsrs. A Sociedade dos Meninos Gênios é o livro de estreia de Lev Ac Rosen e traz uma aventura divertida e surpreendente na Inglaterra Vitoriana ao mesmo tempo em que critica os preconceitos de gênero de todos os gêneros. Impossível não se encantar.

Violet e Ashton Adams são irmão gêmeos e tem diferenças muito mais gritantes do que o sexo. Ela é inteligente, curiosa e apaixonada por ciência e mecânica, vive trancada no porão de sua casa inventando coisas novas e se sujando de graxa. Ele é um dândi afetado que só se interessa por festas, charutos e futilidades, o que não significa que não tenho um coração imenso. A mãe faleceu no parto e os jovens foram criados pelo pai, um astrônomo que trabalha demais e está sempre ausente, e pela sra. Wilks, governanta da casa.

O grande sonho de Violet é frequentar a universidade de Illyria, um dos mais conceituados centros científicos da época, mas o local não aceita garotas. Por acreditar que as mulheres seriam uma distração aos estudos, o Conde de Illyria, o falecido fundador da Faculdade, proibiu terminantemente a entrada delas.

Mas Violet não se dará por vencida tão facilmente. Quando o pai precisa se ausentar por um ano para participar de um congresso de astronomia nos Estados Unidos, ela usa o identidade de Ashton para conseguir uma vaga. Assim, travestida de homem e acompanhada pelo amigo de infância Jack Feste, ela começa a cursar a universidade com o objetivo de, no fim do ano durante a Feira de Ciências, se revelar a todos e provar a capacidade e competência das mulheres para frequentar qualquer centro acadêmico.

Ela só não imaginava que fingir ser um garoto fosse tão complicado. Que iria fazer amigos incríveis, como Toby, Miriam e Drew para os quais teria que mentir. Que atrairia o interesse de Cecily, sobrinha do duque de Illyria e diretor do colégio e até mesmo o interesse do própria duque. E pior, que acabaria se apaixonando!

* * * * *

Só pela sinopse já dá para perceber o quanto é difícil não se encantar com o livro. Uma garota forte, inteligente e decidida que faz de tudo para conseguir o que quer, até se passar por homem. E nessa sua aventura, Violet nos leva a refletir sobre as questões do gênero. Ela está sempre precisando se reinventar para encarar os desafio que aparecem e aos poucos percebe que abrir mão de sua feminilidade não é tão fácil como ela imaginava.

Mas não é apenas o papel da mulher que é discutido no livro. Ashton, irmão de Violet, é homossexual e precisa a todo custo evitar que que a sociedade londrina saiba de sua condição, para que não haja um escândalo. Assim, mesmo que Violet enfrente muitas dificuldades, ela ainda pode ao menos lutar pelo que quer, mas Ashton nem mesmo esse direito tem, já que a rigorosa sociedade vitoriana nunca aceitaria um "invertido" vivendo entre eles.

"Ashton não tinha como lutar por sua igualdade como ela o fazia. Se fosse para ele fazer um belo gesto, como estava fazendo naquele momento, este nunca lhe daria a aceitação pública que merecia. Só resultaria em ser relegado ao ostracismo, e muito provavelmente preso." (p. 314)

A escrita de Rosen é sagaz é arrojada e tem um ritmo muito bom. Mas o livro é bastante extenso e tem algumas partes que são meio desnecessárias, e no final, muita coisa fica sem explicação. Parece que ele quis abrir um leque muito grande de assuntos e depois não conseguiu fechar tudo a contento. Isso desanima muito a leitura, que eu arrastei por quase duas semanas. Mas persistir no livro vale a pena, pois o final é surpreendente, mesmo que meio corrido.

Mesmo assim eu recomendo o livro, principalmente porque o autor buscou inspiração em dois clássicos da Literatura: Noite de Reis, de Shakespeare, e A Importância de Ser Honesto, de Oscar Wilde. Mesmo não sendo um enredo muito inovador, o estilo steampunk e os temas polêmicos levantados prendem nossa atenção. Não amei, mas gostei bastante de A Sociedade dos Meninos Gênios.

O Autor

Lev Ac Rosen cresceu em Manhattan. Frequentou o Oberlin College e obteve mestrado em Redação Criativa no Sarah Lawrence College. Seu trabalho tem recebido destaque na revista Esopus e em vários blogs internacionais. Continua morando em Manhattan, onde leciona Escrita criativa.


Avaliação (4/5)





B-jusssssssss! ♥
;-p

6 comentários:

  1. OI Nina!
    Estou tão atrasada com as minhas leituras....
    Ainda não consegui pegar esse título para ler =(
    Bjks!

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  2. Vou adicionar o titulo a minha lista de livros<3
    Seu blog é um amor! Fiquei encantada com ele, já seguindo!
    Xx, Julie
    feitasdepapel.blogspot.com

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  3. Olá, tudo bem? Estou passando por vários blogs para divulgar
    o blog literário que acabei de criar: enrichthemind.blogspot.com para postar
    resenhas de livros e coisas relacionadas. Passa por lá? Retribuo as visitas e
    sigo de volta. Estou super aberta a parcerias e novas amizades!! :D Obrigada desde já e
    desculpa se não gostar da divulgação, mas espero que compreenda que é necessário quando está começando :( haha. Beijos!!

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  4. Oi Kauana!
    Sem problemas com divulgação, estamos aqui para nos ajudar e nos unir por uma blogosfera mais gentileza! rsrs
    Volte sempre! B-jus!

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  5. Oi Julie, é mesmo um livro ótimo, cheio de boas indagações, tenho certeza que você vai gostar.
    Que bom que gostou do QLSP, espero que volte sempre!
    B-js!

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  6. Oi Carlinha!
    Não pense que eu estou em situação diferente, mas é que me interessei tanto pelo steam punk, que esse livro acabou furando a fila, rsrs.
    B-jss!

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