O Livro de Memórias - Lara Avery


AVERY, Lara. O livro de Memórias. Tradução Flávia Souto Maior. São Paulo: Editora Seguinte, 2016. 392 páginas. Título original: The memory book. Skoob.

Sinopse
“Sammie sempre teve um plano: se formar no ensino médio como a melhor aluna da classe e sair da cidade pequena onde mora o mais rápido possível. E nada vai ficar em seu caminho - nem mesmo uma rara doença genética que aos poucos vai apagar sua memória e acabar com sua saúde física. Ela só precisa de um novo plano.
É assim que Sammie começa a escrever o livro de memórias: anotações para ela mesma poder ler no futuro e jamais esquecer. Ali, a garota registra cada detalhe de seu primeiro encontro perfeito com Stuart, um jovem escritor por quem sempre foi apaixonada, e admite o quanto sente falta de Cooper, seu melhor amigo de infância e de quem acabou se afastando. Porém, mesmo com esse registro diário, manter suas lembranças e conquistar seus sonhos pode ser mais difícil do que ela esperava.”

Quem acompanha o blog há algum tempo sabe da queda que tenho pelos sick-lits. O fato de que não podemos evitar a doença, de que qualquer um de nós está sujeito a passar por isso, sempre mexe muito comigo e com O Livro de Memórias não foi diferente.

Aos 16 anos, Sammie McCoy descobriu que tem um doença degenerativa extremamente rara, a Doença de Niemann-Pick tipo C, que vai fazê-la perder o tônus muscular e aos poucos, causar uma demência que levará  ao declínio intelectual e a perda da memória. Aluna brilhante, ela é a oradora da turma, participa do clube de debates e já tem sua vaga garantida na Universidade de Nova York. Seu grande sonho sempre foi deixar a pequena cidade onde vive para trás e iniciar uma nova vida de conquistas e descobertas. Mas a NP-C quer por tudo isso em risco e tudo o que Sammie quer é conseguir realizar seu sonho, custe o que custar.

Muito inteligente, a grande preocupação de Sammie não é definhar em uma cama, é saber que a doença vai corroer suas memórias, vai fazer com que ela se esquece de tudo o que é e de tudo que lutou tanta para conseguir. Decidida a não se deixar vencer, ela começa a escrever suas memórias para que a Samm do Futuro não se esqueça de quem foi a Sammie do Presente.

Com um enredo tão emocionante, o livro conseguiu me prender rapidamente e a leitura fluiu muito fácil. Sammie é uma garota adorável, muito inteligente e dedicada à escola, o que me impressionou nela foi sua preocupação com perder suas memórias. Ela não está preocupada com seu corpo ou seus músculos e sim com seu cérebro e sua personalidade. Ela tenta por todos os meio manter seus planos inabaláveis, mesmo com a doença, e está disposta a qualquer sacrifício para seguir em frente. Ela é muito otimista e tem certeza de que o pior não vai acontecer e é muito doloroso quando ela percebe que terá abrir mão de seus planos, ajustar seus sonhos e reinventar uma nova versão de si.

E em meio a esse turbilhão que se tornou sua vida, Sammie ainda vai viver seu primeiro amor e redescobrir uma amizade que ela julgava perdida. Vai se aproximar da família e dos irmãos e aprender a valorizar o que tem e onde está.

Outro ponto que me agradou muito foram os personagens secundários, onde a autora se preocupou em mostrar uma diversidade étnica e de gênero. Maddie, a melhor amiga da Sammie é lésbica e lida super bem com isso e o tema é tratado com muita naturalidade no livro. Stuart Shah, o namorado, é indiano e a autora não usa de clichês e estereótipos para descrevê-lo. A orientadora pedagógica, Srª. T, é negra e tem um lindo cabelo black power. Coop, o melhor amigo, tem problemas com drogas mas não é típico “porra louca” que não se importa com nada, muito pelo contrário, ele é doce e presente e não faz de seu problema uma bandeira. Eu acho divino quando um livro sai do lugar comum de personagens sempre brancos, lindos, bem resolvidos e de classe média.

A narrativa é em primeira pessoa e na forma de um diário. O livro é realmente o Livro de Memórias que Sammie escreve para si mesma, e com o desenrolar da história, vamos percebendo seu declínio para a doença, como ela vai perdendo o controle, seus pensamentos ficam confusos e ela começa a ter surtos de demência, a se esquecer de onde está e a não reconhecer as pessoas. E aí começamos a sofrer por ela e a desejar que algum milagre aconteça e que a salve do seu destino. O interessante é que mesmo doente o livro não perde a coerência porque outros narradores são incluídos, pessoas que escrevem lembranças para Sammie.

Foi uma leitura fascinante para mim e que recomento muito. Só não foi favorito porque eu esperava me comover bem mais com a história, mas agora, depois da leitura concluída, eu entendo que drama não faz parte da personalidade de Sammie e portanto não fazia sentido que o livro fosse mais dramático. Uma história sobre otimismo e sobre aprender a valorizar o que realmente importa.

A Autora

Lara Avery nasceu em Topeka e estudou cinema no Macalester College. Autora de livros infantis e de mais duas obras de literatura jovem adulta -Anything But Ordinary e A Million Miles Away -, atualmente mora em St. Paul, Minnesota. @LaraAvery


Avaliação (4/5)






B-jussssss! ♥
;-p

8 comentários:

  1. Olá Nina... que resenha linda!
    Não conhecia essa história, mas eu sinceramente fiquei apaixonada pela sua resenha. Acho que a nossa cabeça e os nossos pensamentos e memórias são tudo o que temos de verdade e perder isso, deve ser angustiante. Entendo ela...
    Eu quero ler esse livro e tenho certeza que eu vou chorar demais :/

    beijos
    Mayara
    Livros & Tal

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  2. Olá amore,
    De cara ameiiii a capa do livro, e a história de Sammie já me instigou e muito!
    Sua resenha me mostrou que parece se tratar de um livro maravilhoso... o único problema é que passo por esses livros me colocando no lugar do personagem... e de cara já fiquei aqui imaginando como seria perder meus melhores pensamentos e memórias... não dá... já dói na alma...
    Ainda sim vou anotar a dica pra um momento que esteja mais preparada psicologicamente.
    Beijokas!

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  3. Oi, achei a premissa do livro interessante e instigante, além de envolvente e também gosto de livros sick lit, gosto com livros com essa pegada, pois nos faz refletir sobre a vida, e o fato da personagem ter essa doença com perda de memoria nos faz refletir sobre o que realmente é importante na vida.
    bjus

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  4. Eu sou um tanto 'pé atrás' com sick-lit. Acho que por já ter uma doença incurável e ter escrito minha biografia tentando informar a invés de dramatizar que não gosto muito desse tipo de leitura. Mas... nada me impede de ler alguns de vez em quando. Justamente por causa da pouca dramaticidade e também da pluralidade de personagens que eu leria o livro. Gostei exatamente disso! bj!

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  5. Oiii!!
    Não conhecia o livro e achei a história bem interessante. Nunca vi nada parecido. Fico pensando, em como deve ser difícil para a pessoa saber que vai começar a esquecer das coisas que viveu. Pelo menos o livro não é muito dramático rs se não todo mundo que for ler vai chorar rios de lágrimas.
    Beijos

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  6. Sick-lits sempre mexem muito comigo também, realmente doença aparece quando quer pra qualquer um, não dá pra prever, não dá pra evitar. Esse já estava na minha lista e é ótimo saber que foi uma leitura fascinante para você, com certeza se fosse mais dramático e comovente eu ia gostar mais ainda, mas ainda quero ler mesmo assim.

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  7. Olá,

    Adoro livros assim, ver personages que não desistem independente dos problemas.

    Att,
    Gabrielly Gomes

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  8. Que livro é este?!! Que estória emocionante e cativante!! A Sammie é uma guerreira, uma pessoa que sabe viver o momento, forte, determinada!! Fiquei super querendo ler este livro, conhecer os personagens, saber como termina esta estória. Sem dúvida esta é uma narrativa inspiradora, principalmente para mim!! Gostaria muito de ler, apesar de saber que eu irei me emocionar muito!!

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