Vamos Juntas? - Babi Souza


SOUZA, Babi. Vamos juntas? Rio de Janeiro: Galera Record, 2016. 144 páginas. Skoob.

Sinopse
“Toda mulher já se sentiu insegura na hora de sair sozinha na rua. O risco de ser abordada, perseguida ou assediada é uma realidade. Mas, um dia, uma moça chamada Babi Souza teve uma ideia simples e revolucionária: da próxima vez em que você estiver sozinha, olhe para os lados. Pode ter outra mulher andando na mesma direção. Por que não vão juntas?
Logo, o movimento Vamos Juntas? conquistou moças em todo o Brasil, se tornando um símbolo de união feminina e feminismo, na defesa por direitos iguais entre homens e mulheres. Aos poucos, muitas mulheres mudaram sua forma de enxergar o dia a dia e a moça ao lado.
Além de dados sobre o feminismo, que mostram como ainda há tanto a ser conquistado, este guia traz relatos de mulheres que aprenderam, junto ao Vamos Juntas?, a enxergar companheiras umas nas outras. A se unir, ao invés de rivalizar.”

Todos os dias, mulheres enfrentam situações de risco em momentos que deveria ser absolutamente corriqueiro. Voltar do trabalho, escola ou faculdade à noite; andar por ruas, parques e praças escuras sozinha; usar o transporte público lotado. Apesar de serem situações que não deveriam representar perigo, infelizmente elas trazem medo e insegurança às mulheres, principalmente para as que moram nas grandes cidades. Foi dessa observação que que nasceu o movimento “Vamos Juntas?”, que propõe às mulheres que se aproximem e andem juntas pela rua para coibir a ação de criminosos.



A ideia surgiu quando a jornalista Babi Souza se viu andando sozinha pelo centro de Porto Alegre às 20h. No momento em que percebeu que estava assustada, ela começou a refletir em como os homens se sentem muito mais seguros e mais livres nas ruas à noite do que as mulheres. Ela então criou o movimento Vamos Juntas? nas redes sociais, estimulando a parceria entre as mulheres e rapidamente ganhou muita força, a ponto de Babi ter sido considerada uma das feministas mais influentes de 2015.

É claro que as mulheres também cometem crimes, mas não se pode negar que o maior medo que uma mulher tem é da violência de gênero e da violência sexual e até do próprio assédio, que a autora chama de “doses homeopáticas de violência sexual”. E por isso, a proposta do movimento é de se tentar, se não resolver ao menos amenizar a questão por meio da sororidade. No Brasil o termo ainda é muito novo (nem existe no dicionário da língua portuguesa), mas a ideia é de que as mulheres tem tanta capacidade de se unir a outras mulheres, de criarem laços até com desconhecidas, quanto os homens desmistificando a ideia de que somos rivais e que gostamos de competir umas com as outras. Essa ideia de rivalidade feminina é uma construção social e, para comprovar, no livro Babi faz uma análise das princesas Disney, principalmente das mais clássicas, que não tem amigas. É sempre ou a madrasta (que representa medo) ou a rival.



Babi também fala sobre a importância de se livrar do machismo institucionalizado, e que grande parte do medo e da insegurança que as mulheres sentem nas ruas vem desse tipo de machismo, que é tão arraigado que chega a ser visto com naturalidade até pelos mais esclarecidos. O livro é cheio de relatos e o que mais impressiona neles é que mesmo a mulher sofrendo tanto com a violência de gênero, ela ainda se culpa.

Além de tudo isso que citei, o livro é cheio de ilustrações e tem um texto de fácil entendimento. Ou seja, é perfeito para presentearmos adolescentes e ajudar a mudar um pouco as concepções machistas que embutem nas cabeças das meninas. E não deixa de ser uma leitura interessante até mesmo para as mais velhas, para conseguirem quebram velhos conceitos e preconceitos.



A autora

Babi Souza vive em Porto Alegre e se formou em Jornalismo pela PUC-RS em 2013. Trabalhou em diversos veículos de comunicação passando também por agências digitais. Por acreditar que o colaborativismo e o amor ao próximo são "a saída" para o mundo, criou em junho de 2015 o movimento Vamos juntas? e, em outubro de 2015, a Bertha Comunicação, uma empresa focada em impulsionar negócios de mulheres através da comunicação digital.

Avaliação (5/5)






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8 comentários:

  1. Já conhecia o projeto na fanpage do facebook e sempre o achei espetacular. Saber que foi feito um livro, com todo o primor desde a capa até sua diagramação, é indicativo do sucesso do projeto! Além da capa e diagramação, o essencial é o conteúdo e neste livro parece ótimo!

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  2. Oi BFF,
    Já faz um tempo que estou ouvindo falar desse projeto e confesso que sou uma das vítimas do medo, quando saio para trabalhar no escuro ou quando chego da faculdade de noite. Evito sair na rua sozinha depois das 19, e se pudesse não sairia nunca, mas enfim, o projeto é muito bacana e precisa ser espalhado, ainda não coloquei ele em prática ou porque a vergonha não deixa, ou porque normalmente as mulheres andam tão rápido de noite que facilmente as perco de vista, mas sou a favor de mulheres mais unidas, não só nisso, mas em tudo que nos afeta.
    Beijokas

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  3. Oie, tudo bem?

    Já fui vítima de vários tipos de assédio. Medo? Claro que tenho, mas prefiro levantar a cabeça e continuar e continuar e continuar.

    Não abro mão do meu direito de ir e vir, a hora que quiser e com a roupa que escolher.

    Acontece que sou da geração solitária, a geração que acredita que todo mundo nasce sozinho e morre sozinho, o meio do caminho pode até ser feito com outras pessoas, mas não é uma companhia que vai evitar abordagem ou assédio ou violência. Acho a iniciativa louvável, mas ao mesmo tempo me lembra das chaperones.

    Gosto de companhia, mas continuo seguindo sozinha pelas ruas da minha vida.

    Beijos
    Bel Góes

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  4. Oi Nina, sua linda, tudo bem?
    Não conhecia esse projeto ainda. Sabe, essa é uma questão muito interessante, mas eu não vejo pelo lado do machismo, eu vejo pelo lado físico mesmo, é um fato, somos mais frágeis do que os homens. É claro que existem suas exceções. E por sermos o lado mais fraco, sempre estaremos vulneráveis. A violência é sempre praticada por alguém que se aproveita do mais fraco, por isso as mulheres geralmente são alvos mais fáceis. Precisamos de apoio, de práticas de prevenção e segurança e com certeza de mais amor para mudar a mentalidade e o comportamento de pessoas que fazem mal às outras, seja pelo gênero ou por qualquer outro motivo.
    beijinhos.
    cila.

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  5. Olá, esse livro parece ser muito fofo...já vi algumas resenhas por ai e curti bastante, quero ler também!

    Abraços

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  6. Olá... eu achei a ideia desse livro e o movimento super legal... gostaria de visto isso realmente acontecendo... as veze volto tarde da faculdade e as vezes sozinha na rua... olhando para os lados morrendo de medo de que algo aconteça e só percebo que não respirava completamente quando passo da portaria de onde moro... mas acredito que se cada uma olhar pro lado e andarem juntas isso pode ajudar e talvez esse medo possa diminuir... porque realmente não somos rivais... temos que nos unir para acabar com toda essa violência... Xero!

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  7. Não vou dizer que não tenho medo... Claro que tenho! Tomo todas as precauções que acho necessárias e vou em frente.

    Acho legal essa ideia de "vamoa juntas", da mesma forma que gosto da ideia de carona coletiva para economizar combustível.

    Não jogo a culpa no agredido, mas também sigo a filosofia de mamãe "se estou na rua, meio dia, e sou atingida por uma bala perdida... O perigo veio até mim. Se estou no meio de um morro não pacificado, 3h da manhã, fazendo festa na rua e sou atingida por uma bala perdida... Eu fui até o perigo"

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  8. Hey, Nina.
    Acompanho a página há alguns meses e fiquei bem empolgada quando vi o lançamento do livro. Ele está na minha listinha sim ou claro? haha
    Enfim, é lamentável que mulheres tenham que se questionar mil vezes sobre a roupa que usarão ou o rumo que tomarão quando estão sozinhas na rua. Eu mesma DETESTO andar sozinha até mesmo no bairro onde moro, que é considerado "tranquilo".
    Mulheres que se culpam por estarem usando uma roupa curta quando são assediadas, homens e mulheres que concordam com estupro em determinados casos.... a sociedade tá pelo avesso!

    Beijos,
    Kemmy - Duas Leitoras

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