Quando Eu Parti - Gayle Forman


FORMAN, Gayle. Quando eu parti. Tradução Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Record, 2016. 308 p. Título original: Leave me. Skoob.

Sinopse:
“Quando um coração falha, não é apenas o corpo que trai. Mas sonhos desfeitos, amores não vividos, destinos cruzados. Maribeth Klein tem a própria cota de problemas: do marido omisso até a chefe e ”ex-amiga” Elizabeth, passando pelos gêmeos superativos. Ela está sempre tão ocupada que mal percebe um ataque cardíaco.
Depois de uma complicação inesperada no procedimento cirúrgico, Maribeth começa a questionar os rumos que sua vida tomou e faz o impensável: vai embora de casa.
Longe das exigências do marido, filhos e carreira, e com a ajuda de novos amigos, ela finalmente é capaz de enfrentar o passado e os segredos que guarda até de si mesma”

Hey peeps!
Já tem um tempinho que não rola resenha dupla por aqui, mas garanto que não é por falta de vontade e sim de oportunidade. Mas a Record nos proporcionou o que estava faltando ao enviar Quando Eu Parti, novo livro da Gayle Forman, para mim e para a Kelly. Então, eu e minha BFF tivemos a chance de voltarmos a ler juntas e ficar discutindo o enredo depois. E esse romance deu pano para manga. Primeiro porque, por ser o primeiro romance adulto da Forman, eu estava bem insegura para ler. Segundo, porque eu amei e a Kelly nem tanto… então imaginem o quanto de conversas não tivemos depois de terminamos a leitura, kkkkkkkk.

O esquema da resenha dupla ainda é o mesmo: o meu texto está em rosa e o da Kelly em azul.

Maribeth é o melhor exemplo da mulher atarefada e estressada do século XXI. Aquela que toma para si toda a responsabilidade com a família, casa e trabalho e acaba passando a maior parte do seu tempo no piloto automático, executando suas tarefas sem reflexão e sem ao menos perceber o quanto está cansada. Ela trabalha como revisora em uma revista da moda, tendo sua melhor amiga Elizabeth como chefe, e o que deveria ser apenas um trabalho de meio período acaba sugando mais de um terço de seu dia, e pior, está minando sua amizade. Jason, com quem está casada há mais de dez anos, tem um emprego confortável, faz o que ama e ganha muito pouco por isso, portanto a responsabilidade com as contas recai sobre ela, e isso associado à apatia e preguiça do marido também está minando seu casamento. Os filhos gêmeos de quatro anos, Oscar e Liv, só vieram depois da terceira tentativa de Fertilização In Vitro, quando eles pensavam que já não poderiam mais ter filhos, mas o fato das crianças serem hiperativas, cheias de atividades a realizar e super dependentes da mãe também está minando o sonho de Maribeth com a maternidade.

Assim, sem tempo nem para olhar para o espelho, não é de se estranhar que ela não tenha percebido o infarto, e o fim do que seria apenas mais um dia de trabalho foi na ala hospitalar, com Maribeth com o peito aberto e duas pontes de safena. Mas o pior é quando ela chega em casa e percebe que o tratamento recebido pela família é o mesmo, eles não parecem preocupado com sua saúde ou dispostos a ajudar em sua recuperação, principalmente Jason, que tinha lhe prometido uma bolha de descanso e agora nunca está em casa para ajudar com as crianças. Deprimida e muito magoada, Maribeth retira metade do dinheiro da poupança e foge em busca do cuidado e conforto que não consegue encontrar em casa.

Maribeth é a tipica mãe e dona de casa... Casada há alguns anos, com um trabalho que ocupa metade do seu tempo, e um casal de gêmeos que ocupa todo o resto. Sempre atarefada e correndo para ter tudo em dia, ele acaba passando despercebida por um ataque cardíaco, parece loucura, mas de inicio ela jurou ser apenas uma indigestão, mas quando deu por si, já estava internada e com duas pontes de safena no coração.
Após ser operada, ela volta para casa, mas aparentemente, ela já não é mais a mesma, não enxerga mais sua casa e sua família com os mesmos olhos, e a folga do marido, a opressão da mãe e a má criação dos filhos faz com que Maribeth tome uma atitude inesperada: ela faz as malas e parte, levando apenas alguns pertences e dinheiro, ela deixa tudo para trás, filhos, marido e emprego, e busca uma forma de se encontrar e se recuperar.

"Colocou a mão entubada no peito cheio de esparadrapo. Sentiu o coração batendo ali, tal como estivera desde que era um bebê, não, desde que era um feto, aninhado dentro do útero de uma mãe que ela jamais conhecera. Mas tinha parado de bater. Maribeth não sabia por quê, mas era como se tivesse cruzado uma soleira, deixando tudo e todos que conhecia do outro lado." (p.29)

Comentários


Com certeza Gayle Forman tem livros melhores. Seus YAs são livros tocantes e inesquecíveis e, se compararmos Quando Eu Parti com as obras anteriores que já li dela, com certeza esse livro deixa muito a desejar. Mas como primeira imersão da autora na literatura mais adulta, tenho que admitir que ela se saiu muito bem. Gostei muito de Maribeth e da maneira como a história se desenrolou, gostei de ver nela a representação da mulher que carrega o mundo nas costas e que nunca recebe os louros por isso, que não é valorizada ou respeitada. Acredito que precisamos olhar com mais carinho para essas mulheres, que são milhões por aí, cansadas, se sentindo velhas e solitárias e em busca de conforto.

Já faz um tempinho que recebi essa cortesia da Record, mas como estávamos programando ler juntas e eu estava com  muita coisa atrasada, ossos do oficio kkkkk, acabamos aguardando a hora certa para ler, e eis que ela chegou. No decorrer desse tempo, acabei me deparando com algumas resenhas não tão positivas e acabei criando um certo receio.
Essa foi minha primeira experiência com a escrita da Gayle e confesso que de certa forma gostei, mas nem de longe foi um dos preferidos do ano.

"Maribeth se odiou por ter dito aquilo. Fazia com que parecesse mesquinha e invejosa da vida de Elizabeth, de seu dinheiro, do emprego. Quando na realidade, se tinha inveja de alguém, era de seu antigo eu, aquele que podia assegurar que Elizabeth era sua melhor amiga. Aquele que ainda tinha ambições e foco, e não passava o tempo todo atormentado. Aquele que possuía um coração que funcionava direito". (p.42)

Enredo


Se não tivesse escrito na sinopse, eu nunca imaginaria que Maribeth iria fugir da família, por isso, posso dizer que o enredo me surpreendeu. No seu caminho, ela encontrou novos amigos e aprendeu a se valorizar e a não esperar tanto dos que ama. E mais, aprendeu que ela também precisava ser mais paciente e cuidadosa com sua família, que as tarefas que ela executava era por obrigação e não por amor. Gostei muito do enredo e da maneira como as situações foram conduzidas, mas também esperava um pouco mais do final, uma explicação melhor para o desfecho. Eu já imaginava que o livro terminaria do jeito que terminou e fiquei feliz com as escolhas feitas por Maribeth, ma faltou um epílogo ou mais uma capítulo para que tudo ficasse bem claro.

O enredo é complexo, mais natural e real impossível, se imaginar com um marido folgado, filhos mal educados e uma mãe incompreensível já é o suficiente para sentir um pequeno desespero, mas ler tudo isso, é muito pior. Mas apesar dos pesares, o final não me convenceu, e isso foi o que mais me incomodou na leitura, depois de tudo, eu esperava um pouco mais de Maribeth.

"Agora ela estava em queda livre. E aquilo não a matou. Na verdade, ela começava a se perguntar se podia fazer o contrário. Toda aquela fixação com a queda... Talvez devesse prestar mais atenção no livre." (p.252)

Narrativa e Personagens


Gayle Forman tem uma narrativa maravilhosa e isso não mudou nesta sua incursão na literatura mais adulta. Até mesmo nos momentos mais parados do livro, eu não conseguia parar de ler de tão envolvida que estava com a história. A narrativa é em terceira pessoa, do ponto de vista de Maribeth, e por isso conseguimos ver as nuances da história de todos os personagens.

Maribeth é uma personagem muito real, que poderia ser qualquer uma de nós, e isso me agradou muito. Mas o melhor foi que, com o tempo, ela parou de ter pena de si mesma e começou a entender que ela também tinha sua parcela de culpa no que aconteceu. 

Os personagens criados por Gayle, são nada menos (acho que estou com vicio nessa frase) que reais e imperfeitos. O marido folgado que acha que tudo se resolve num passe de mágica, uma mãe folgada que não ajuda em nada e filhos, que por terem demorado tanto a vir, foram mimados e se tornaram insuportáveis.

Apesar de Maribeth tomar a atitude louca de ir embora e largar tudo para trás, de certa forma, ela ainda carrega tudo com ela, problemas e mais problemas, e ela acaba achando uma forma de se recuperar, um lugar novo, amigos novos e até uma paquera. Eu não posso dizer com certeza que faria o mesmo que ela, mas conforme a leitura acontece é desesperador e impossível não se sentir no lugar dela, não querer acolhê-la, a situação dela é bem pesada e a família um bando de folgados e dependentes.

Mas acima de tudo isso, fico me perguntando se a culpa não é dela, não foi ela que deixou tudo chegar a esse nível? Não impôs limites aos filhos e marido e ainda por cima deixou que tudo chegasse a esse nível.

"Então as coisas eram assim. As pessoas entravam na sua vida. Algumas ficavam. Outras, não. Algumas se afastavam, mas voltavam para você". (p.301)

Concluindo


Eu amei! Concordo com a Kelly quanto ao final, realmente precisava ser mais elaborado e ter no mínimo um epílogo, para que pudéssemos saber como ficou a vida de Maribeth depois de tudo. Mas mesmo assim, eu concordei com as escolhas dela e o desfecho que Gayle deu aos personagens, só queria saber mais detalhes. E só por esse detalhe que o livro não foi cinco estrelas!

O livro é bem bacana, a história bem real. A narrativa da autora é perfeita e por mais que não tenha curtido o final, me mantive presa na leitura até a última página, quando realmente fiquei brava com Maribeth.
A leitura é válida e recomendada, mas alerto, não esperem muito do final.

Então é isso, readers!
A experiência de ler com a Kelly é sempre incrível, gostaria de tivéssemos mais livros para compartilhar… Mesmo quando a gente não concorda, como foi o caso de Quando Eu Parti, é muito divertido poder conversar com ela sobre o enredo. Se vocês nunca experimentaram ler com um amigo deveriam tentar, é muito bom!

A Autora

Consagrada autora de romances juvenis, como Se eu ficar - que ganhou as telas de cinema -, Gayle Forman é jornalista, com artigos publicados em vários veículos, entre eles, Seventeen, Cosmopolitan e Elle. Ela visitou vários países e escreveu suas impressões em um livro intitulado You can't get there from here. Atualmente vive no Brooklyn, Nova York, com o marido e duas filhas.

Avaliação (4/5)






B-jusssssss! ♥
;-p

8 comentários:

  1. Olá!
    Eu já li várias resenhas desse livro e não consigo me interessar pela leitura, apesar de gostar da autora. rs
    Gostei da resenha de vcs, de forma diferente mais ou menos de opinião parecida! rs

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  2. Oi meninas, tudo bem??
    Adoro resenhas coletivas, fica tão legal!
    Foi muito bom ler o ponto de vista de vocês, porque comecei a ler este livro e dei uma parada, mas não sabia se voltaria a ler, mas finalmente decidi por fazer isso. Eu sei como é viver sufocada e eu embora sendo mãe solteira, mas que mora com outras pessoas em casa, já pensei várias vezes em ir embora. Enfim, isso é outro papo. Eu nunca li nenhum livro da autora, mas graças a resenhas de vocês, irei ler. Xero!

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  3. Olá, tudo bem?
    Eu sou suspeita quando se trata da Gayle, eu realmente amei esse livro, o fato de ela dar vida a uma personagem mais velha me surpreendeu muito, mas o final deixou muito a desejar, ela poderia ter trabalhado mais e ficaria perfeito.
    Amei a resenha de vocês, achei legal ter duas opiniões sobre a mesma leitura.
    Bj, bj.

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  4. Oi Meninas, tudo bem?

    Eu sou muito suspeita para falar da narativa da gayle, pois amo tudo que essa mulher escreve, os livros dela sempre possuem temas muito profundos que imergem o leitor dentro da obra e espaço criados. Ainda não tive a oportunidade de ler esta obra específica dela, a capa não me encanta. Vocês citaram que não é a melhor obra da autora, mas que é uma experiência bacana, com ela se aventurando em outro gênero. Fiquei bem curiosa e a resenha de vocês está muito completa, perfeita!

    Beijos!

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  5. Oii
    Eu adoro tanto escrever quanto ler resenhas duplas, pois proporcione dois pontos de vista ap mesmo tempo, acho super legal! Eu não conheço a escrita da Gayle, mas tenho muita vontade de ler "Se Eu Ficar" por ter tantas coisas positivas sobre a obra. Não conhecia este livro, e achei muito interessante a autora abordar a mulher no século XXI e como essa mulher é sufocada por tantas coisas a ponto de querer fugir, e se livrar de tudo. Não lerei o livro por agora, mas esse enredo levanta uma bela discussão. Beijos do Wes ^^

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  6. Comecei a fazer resenhas duplas no blog após ver a interação de vocês e mais uma vez me mostram que funciona de verdade! Da Gayle eu li apenas um livro e, apesar de ter gostado bastante, não cheguei a procurar novos, não sei bem porquê. Apesar da capa simples, a história me chamou atenção pelo enredo complexo e surpreendente. Darei uma nova chance à autora! ;)

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  7. Olá!

    Gayle é maravilhosa! Sou louca pra ler essa obra, mas estou esperando o preço abaixar rs Li algumas resenhas e até que foram positivas em sua maioria. A de vocês foi a primeira a dizer pra não esperar muito do final. Parabéns pela sinceridade.

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  8. Olá meninas!
    Tenho uma relação de amor e ódio com essa autora, mas tenho curiosidade de ler esse livro dela. Achei legal a impressão de vocês sobre essa trama e estou me perguntando como é esse final e o que fez vocês se sentirem dessa forma.
    Beijos

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