A Grande Solidão - Kristin Hannah


HANNAH, Kristin. A grande solidão. Tradução Edmundo Barreiros. São Paulo: Editora Arqueiro, 2018. 400p. Título original: The great alone. Skoob. Comprar.

Sinopse

Atormentado desde que voltou da Guerra do Vietnã, Ernt Allbright decide se mudar com a família para um local isolado no Alasca.
Sua esposa, Cora, é capaz de fazer qualquer coisa pelo homem que ama, inclusive segui-lo até o desconhecido. A filha de 13 anos, Leni, também quer acreditar que a nova terra trará um futuro melhor.
Num primeiro momento, o Alasca parece ser a resposta para tudo. Ali, os longos dias ensolarados e a generosidade dos habitantes locais compensam o despreparo dos Allbrights e os recursos cada vez mais escassos.
Porém, o Alasca não transforma as pessoas, ele apenas revela sua essência. E Ernt precisa enfrentar a escuridão de sua alma, ainda mais sombria que o inverno rigoroso. Em sua pequena cabana coberta de neve, com noites que duram 18 horas, Leni e a mãe percebem a terrível verdade: as ameaças do lado de fora são muito menos assustadoras que o perigo dentro de casa.
A grande solidão é um retrato da fragilidade e da resistência humana. Uma bela e tocante história sobre amor e perda, sobre o instinto de sobrevivência e o aspecto selvagem que habita tanto o homem quanto a natureza.

Eu sou muito fã de Kristin Hannah! Mas muito, muito, muito mesmo! Tanto que se eu fizer uma lista com meus dez livros preferidos da vida, pelo menos três serão dela. Sendo assim, eu li A Grande Solidão com a expectativa nas alturas, e como sempre ela não me decepcionou.

O ano é 1974 e Leni se arruma para ir ao seu primeiro dia na escola nova, seus pais mudam com uma frequência enorme e ela já teve tantos primeiros dias que sabe que nem terá tempo de fazer novos amigos. Tudo vai depender de quando seu pai terá um novo plano utópico de felicidade e partir para uma nova cidade. Mas Leni já tem idade suficiente para entender o casamento turbulento dos pais, Cora e Ernt. Ela sabe que a mãe deixou tudo para trás para seguir seu pai, um belo hippie que não tinha onde cair morto. No início tudo era perfeito, até que o pai foi convocado para a guerra do Vietnã e tudo mudou. Ernt volta apenas a sombra do homem que foi, atormentado pelos horrores que viu. 

Naquela manhã, Ernt recebe uma carta informando que ele herdou a propriedade de um amigo que morreu na guerra e enxerga nisso sua grande chance de mudar de vida, de recomeçar. Mesmo que essa propriedade fique do outro lado do país, no Alasca. Assim, sonhando com uma vida melhor, ele parte com a família em uma Kombi velha, sem provisões e com pouquíssimo dinheiro. Cora e Leni estão dispostas a enfrentar a região inóspita se isso for manter Ernt saudável.

Este lugar é mágico, menina, você só tem que se abrir para ele, sabia? Vai entender o que estou dizendo. Mas também é traiçoeiro, nunca se esqueça disso. Acho que foi Jack London que disse que havia mil maneiras de morrer no Alasca. Fique alerta.

Não demora para que eles percebam que a vida no Alasca será muito mais difícil do imaginaram. A propriedade conta com apenas uma cabana abandonada minúscula, sem energia e água encanada. No inverno, as noites são intermináveis, chegam a durar 20 horas e eles precisam estar preparados. Mas apesar das dificuldades, a paisagem é linda e os vizinhos são uma comunidade unida e prontos para ajudar.

Mas na escuridão do inverno, Ernt se revela ainda mais desequilibrado. Seus medos e traumas vêm à tona com força total, pondo em risco sua lucidez e as vidas de Cora e Leni.

Por anos, por toda sua vida, Leni tinha feito exatamente isso. Ela amava seus pais, os dois. Sabia, sem que lhe dissessem, que a escuridão em seu pai era ruim e as coisas que ele fazia eram erradas, mas também acreditava nas explicações da mãe: que o pai estava doente e sentia muito, que, se elas o amassem o suficiente, ele ia melhorar e as coisas voltariam a ser como antes.
Só que Leni não acreditava mais nisso.
A verdade era que o inverno tinha apenas começado. O frio e a escuridão iam durar por muito, muito tempo, e elas estavam sozinhas ali, presas com o pai. Sem um número de emergência e ninguém para ligar e pedir ajuda. Durante todo esse tempo, o pai ensinara a Leni como o mundo exterior era perigoso.
A verdade era que o maior perigo de todos estava dentro de sua própria casa.

Que livro! É uma história tão incrível que ainda não sei bem o que dizer dele, então vou tentar listar algumas das coisas que amei na história. Para começar, temos a narrativa incrível da Kristin Hannah, eu só consigo chamar essa mulher de gênio! As descrições da paisagem inóspita do Alasca, a criação dos personagens, os detalhes dos sentimentos e ações… é tudo feito com a perfeição característica dela. É impossível não mergulhar de cabeça na história, tanto que a gente chega a sentir um friozinho lendo, rsrsrs.

O enredo é muito bem estruturado e, literalmente, nos enreda (com perdão do trocadilho tosco). As coisas vão acontecendo e tomando proporções que as personagens não conseguem controlar, exatamente como é na vida, e quando Leni e Cora percebem, estão presas em uma cabana com um homem descontrolado. 

Outro ponto que achei muito positivo foi a maneira como Kristin Hannah abordou a violência doméstica. Ela mostra como Cora se sente presa ao marido pela sua paixão e pela crença cega de que ele vai melhorar, vai superar seus traumas, nos levando junto com ela numa angústia sem fim. Mas ao mesmo tempo, Hannah não tenta minimizar, justificar e nem eximir Ernt da culpa, como é muito comum vermos em livros que tratam desse tipo de relacionamento tóxico.

Alasca não é sobre quem vocês eram quando tomaram esse rumo. É sobre quem você se torna. Vocês estão na natureza selvagem. Isto aqui não é nenhuma fábula ou conto de fadas. É real. É duro. O inverno vai chegar em breve e, podem acreditar, não é como nenhum inverno que vocês já tenham experimentado. Ele destrói os mais fracos, e rápido.

Mas essa história não é só tristezas, também vemos Leni desabrochar para a vida e descobrir o amor ao lado de Matthew, que infelizmente é filho de Tom Walker, um grande desafeto de seu pai. Assim, além de enfrentar todas as inseguranças comuns de uma adolescente, Leni também precisa enfrentar o ódio do pai contra a família do namorado. Será que tem como isso terminar bem? 

Uma história linda, emocionante, com um final arrebatador e ainda temperado com o charme dos anos 70 e do cenário alasquiano. Impossível não se apaixonar mais essa obra prima da mestre Kristin Hannah!

A Autora

Kristin Hannah é autora de mais de 20 livros, que foram traduzidos para 39 idiomas e venderam 15 milhões de exemplares pelo mundo. Ela largou a advocacia para se dedicar à sua grande paixão: escrever. No Brasil, pela Novo Conceito, já publicou Jardim de inverno, Por toda a eternidade e O lago místico e, pela Editora Arqueiro, O Rouxinol, As coisas que fazemos por amor, As cores da vida, O caminho para casa, Amigas para sempre e Quando você voltar. 
Kristin tem um filho e mora com o marido no noroeste dos Estados Unidos e no Havaí.

Avaliação (5/5) ❤️




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