Dias de Despedida - Jeff Zentner


ZENTNER, Jeff. Dias de Despedida. Tradução Guilherme Miranda. São Paulo: Editora Seguinte, 2017. 385 p. Título original: Goodbye days. Skoob. Comprar.

Sinopse.
"Cadê vocês? Me respondam."
Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele.
Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto.
Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão?

Dias de Despedida foi minha última leitura de 2017 e eu não poderia fechar o ano de maneira mais sensível e emocionante. O livro é leve, mas ao mesmo tempo tocante, quase dolorido, e a gente termina dando graças pela vida daqueles que amamos.

Carver Briggs vai começar seu último ano na Academia de Artes de Nashville, uma escola que ele ama não somente pelas das aulas, mas também pela companhia constante de seus três melhores amigos: Mars, Eli e Blake. Juntos eles formam a Trupe do Molho e passam o tempo rindo, fazendo piada de tudo e tomando milk-shake de banana com amendoim no parque. Em uma tarde das férias de verão, os três amigos iam buscar Carver no trabalho mas morrem em um grave acidente de carro no caminho, logo depois de receberem uma mensagem de texto dele perguntado onde estão. O que já é um pesadelo para o garoto, piora ao encontrarem o celular de Mars, que estava dirigindo, com uma mensagem digitada pela metade em resposta à de Carver. Agora, as famílias de Mars e Eli o culpam pelo acidente e querem que o menino responda criminalmente por ele.

Com o começo do ano letivo, ele precisa voltar sozinho para a escola e lidar com o luto, o saudade e culpa, além do medo de ir parar na prisão e tudo isso faz com que ele comece a ter repetidos ataques de pânico. Mas ele pode contar com o apoio de sua família, especialmente de sua irmã Georgia; da avó de Blake, a vovó Betsy; de seu terapeuta Dr. Mendes; e Jesmyn, a namorada de Eli e agora sua única amiga na escola.

Há vida por toda parte. Pulsando, zunindo. Uma grande roda que gira. Uma luz se apaga aqui, outra a substitui ali. Sempre morrendo. Sempre vivendo. Sobrevivemos até não sobrevivermos mais.
Todos esses fins e começos são a única coisa realmente infinita.

E como se tudo isso já não fosse difícil o suficiente, vovó Betsy quer fazer um Dia de Despedida para Blake, um dia em que Carver a acompanharia em todas as atividades que ela gostava de fazer com o neto, dando-lhe e oportunidade de se despedir. O problema é que as família de Eli e Mars também querem o seu Dia de Despedida e Carver não sabe quais são as suas reais intenções ou se conseguirá encarar todas essas emoções.

Enfrentar o luto é muito difícil, e com certeza é bem pior quando se tem apenas 17 anos. A idade em que você deveria estar construindo memórias para levar pelo resto da vida não é o momento de se enterrar melhores amigos. Agora imaginem ter de enfrentar junto com o luto a culpa por se sentir responsável pelas mortes, o medo de ir parar na cadeia por isso e, pior, o receio de estar se apaixonando pela namorada do melhor amigo morto. Com certeza é uma carga muito pesada para Carver, mesmo se ele já tivesse 70 anos!

Isso faz parecer que o livro é uma leitura pesada e difícil, mas garanto que esse não é o caso. Jeff Zentner tem uma narrativa leve mesmo falando de temas pesados e isso contribui para que a leitura seja bem amena. Além disso, a história é recheada de flashbacks com as lembranças de Carver com os amigos e isso garante várias risadas.

“Na maioria das vezes, a gente não guarda as pessoas que ama no coração porque elas nos salvaram de um afogamento ou nos tiraram de uma casa em chamas. Quase sempre, nós as guardamos no coração porque, em um milhão de formas serenas e perfeitas, elas nos salvaram da solidão.”

Outro ponto muito positivo do livro são as reflexões que ele traz, sobre a importância da amizade, a valorização dos momentos que temos ao lado de quem amamos e se realmente conhecemos as pessoas que nos cercam. Sem contar o alerta que ele traz sobre o uso do celular enquanto se dirige. Eu achei um exagero sem fim quando o pai de Mars quis colocar Carver na cadeia, afinal foi Mars quem assumiu o risco ao responder a mensagem enquanto dirigia. Mas foi muito importante que isso acontecesse para que cada um tenha sua parcela de responsabilidade bem clara. Por outro lado, quem já perdeu uma pessoa que ama de maneira trágica sabe que a nossa tendência é sempre buscar um culpado, nem que seja um garoto de 17 anos.

Na verdade, eu fui muito surpreendida por esse livro, eu não esperava que ele se tornasse um relato tão sensível sobre luto, culpa e superação. Acima de tudo, é uma lição sobre a importância de se valorizar quem está ao nosso lado. Recomendo ler com a caixa de lenços a postos!

O Autor


Jeff Zentner começou escrevendo músicas. Cantor e guitarrista, já gravou com Iggy Pop, Nick Cave e Debbie Harry. Passou a se interessar pela literatura jovem adulta depois de trabalhar como voluntário em acampamentos de rock no Tennessee. Morou no Brasil por dois anos, na região da Amazônia, e hoje vive em Nashville com a esposa e o filho.

Avaliação (4/5)




Bjusssss! ❤️
;-p

8 comentários:

  1. Como vivo um luto recente com certeza o livro séria tocante para mim também. O fato do autor tratar temas pesados com uma narrativa leve sem dúvida é um diferencial.
    Gostei de saber a sua opinião sobre esse livro, quero muito ler.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

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  2. Olá
    Nossa estou muito empolgada para ler esse livro, a premissa me deixou muito curiosa e eu só vejo resenhas ótimas, eu já li um livro no passado com uma história parecida e me pegou de jeito..então acho que vai ser ótimo!
    https://florescendolivros.blogspot.com.br

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  3. Eu vi essa capa e nao fazia ideia de como essa leitura poderia ser transformadora. Eu também achei um absurdo o cara querer culpar o outro quando a culpa foi de quem estava dirigindo, no mais a obra é um grande alerta que merece ser lido.

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  4. Oiiiii
    Ja tinha visto esse livro e lembro que o que chamou atenção foi a capa. Agora sabendo do que se trata não imaginava que era um livro tão amorzinho, pela capa engana heim. Adoro enredos tocantes dessa forma, ainda mais quando exploram relações de amizade. Fiquei morrendo de vontade de conferir o livro, prevejo varias lagrimas a caminho hahhah

    http://www.galaxiadeideias.com/

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  5. Oi, tudo bem?

    Já tinha visto esse livro, mas nunca tinha dado muita atenção a ele. O enredo me parece ser muito bom e sua resenha me fez querer muito ler o livro. A narrativa dele me parece ser do jeito que eu gosto, e ele traz temas que gosto em um livro. Dica anotada!

    Beijos.

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  6. Acho tão bacana livros que passam algum tipo de mensagem, é bom para qualquer um que o leia! Não conhecia a obra, mas fiquei curiosa para realizar sua leitura! Parabéns pela resenha!

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  7. Oiee. Não tinha visto a obra, e me surpreendi pelo assunto explorar amizades e trazer tanto afeto assim. Gostei muito de conhecer a obra e a dica está anotada.

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  8. Que história linda... Parece ser um livro muito emocionante. Já começar com um baque desses, você deve terminar o livro aos prantos
    Mas achei meio sem noção isso mesmo, da mensagem. Até porque a culpa foi do garoto que quis responder enquanto dirigia, sabe? Meio bobo querer culpar o garoto por ter mandado. Podiam ter ignorado, ou melhor, outro amigo respondido. kkkkkkkkkkkkkkk mas enfim, a história precisava de um drama né?
    Mas parece ser mesmo um livro muito bom. Vou anotar <3

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