A Boa Filha - Karin Slaughter


SLAUGHTER, Karin. A Boa Filha. Tradução. Zé Oliboni. Edição Tag Inéditos. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018. 480 p. Título original: The good daughter. Skoob. Comprar.

Sinopse

28 anos após enfrentar uma tragédia familiar, uma das protagonistas desse emocionante thriller se vê em meio a uma onda de violência que assola sua pequena cidade. Completamente envolvida, é obrigada e enfrentar dolorosas memórias até então adormecidas. Mas ela não está sozinha.

Desde que vi o lançamento da TAG Inéditos eu surtei! Nela você recebe em casa, em primeiríssima mão, um best-seller inédito por um preço bastante acessível. E como eu adoro uma novidade, corri fazer minha assinatura. O primeiro kit chegou em abril e na caixinha estava A Boa Filha, da Karin Slaughter, uma das autoras preferidas da Kelly Alves, minha BFF e dona do Paraíso das Ideias, e que de vez em quando posta por aqui também. Assim, tive a oportunidade de ler algo da rainha do suspense e ainda discutir o enredo com minha amiga.

A Boa Filha traz a história de duas irmãs, Samantha e Charlotte Quinn, filhas de Rusty, um advogado que acredita que a justiça deve valer para todos, inclusive os culpados. Assim, ele pega os mais polêmicos casos da região, defendendo ladrões, assassinos e estupradores, e conquistando uma legião de inimigos. A mãe das meninas é Gama, uma mulher de inteligência aguçada e que já foi uma brilhante física, entretanto ela largou tudo para viver com Rusty e criar as filhas. Num fim de tarde enquanto Rusty trabalhava, a casa dos Quinn é invadida por dois homens mascarados que destroem a família com um crime brutal. Gamma é assassinada, Sam leva um tiro na cabeça mas Charlie consegue fugir correndo pela floresta. 

28 anos depois, as irmãs ainda tentam reconstruir suas vidas, sem se falar e vivendo a quilômetros de distância. Ambas são advogadas, mas enquanto Sam atua na área de negócios, Charlie trabalha com o pai defendendo todo tipo de gente. A vida das duas parecia destinada a nunca mais se cruzar até que um novo crime as aproxima novamente. Uma adolescente abre fogo contra estudantes da escola da cidade e Charlie é uma das testemunhas. Mas mesmo tendo visto o que aconteceu, ela sabe que algo não se encaixa e, enquanto investiga o crime atual, uma série de acontecimentos vão trazer Sam de volta à cidade e fazer as irmãs enfrentarem os traumas do passado.

- Porque você é a irmã mais velha e esse é o seu trabalho. - Ela apertou as mãos de Samantha nas suas. Seu olhar estava fixo no espelho, - Temos passado por um período difícil, minha garota. Não vou mentir e dizer que vai melhorar. Charlie precisa saber que pode contar com você. Você tem que colocar aquele bastão com firmeza na mão dela todas as vezes, não importa onde ela esteja. Encontre-a. Não espere que ela procure você.

Confesso que precisei ter muito estômago para conseguir ler A Boa Filha. Kelly já tinha me avisado que Karin Slaughter descreve muito bem as cenas de crime, mas eu não imaginava que fosse tanto. No primeiro capítulo ela já descreve cenas terríveis, e eu acabei tendo dificuldades para conseguir continuar a leitura de tão impressionada! As cenas são muito fortes e ela consegue descrever cada detalhe com tanta minúcia que nos sentimos no local do crime sentindo o cheiro do sangue. Precisei de três dias e dois Romances de Época para superar o trauma.

Mas por outro lado, a trama que ela cria é muito envolvente, nos instigando a prestar atenção aos detalhes para montar o quebra-cabeças dos dois crimes, o do presente e o do passado. Mesmo que o reencontro das irmãs tenha sido provocado pelo tiroteio na escola, fica claro desde o início que elas precisam entender e enfrentar a brutalidade que aconteceu a elas no passado, e nem tudo é o que parece. E é aí que mora a beleza do livro, que a partir do drama pessoal de cada personagem nos leva ao conhecimento do que realmente aconteceu. E essa verdade vai sendo revelada aos poucos, e a cada detalhe descoberto é como um novo mergulho naquela noite terrível, como reviver um pesadelo diversas vezes.

- Eu te amo, sei que você me ama, mas todas as vezes que nos vemos lembramos do que aconteceu e nenhuma de nós conseguirá seguir em frente se estivermos sempre olhando para trás.

O livro é sensacional e extremamente comovente, mas não é uma leitura rápida, que flui como a maioria dos best-sellers. A autora conseguiu fazer com que eu me sentisse dentro da cabeça dos personagens, principalmente por inserir trechos corriqueiros na história, como descrever um trator no meio da estrada ou as dúvidas de Sam sobre o tanino (quem leu vai entender). Vi muita gente reclamando disso, mas achei que esse é um ponto essencial para dar vida aos personagens, porque nossa mente é assim, não é lógica e sim cheia de pensamentos aleatórios.

Outro ponto que gostei muito foram as diferentes versões que a autora mostrou para o mesmo crime, recontando a cena várias vezes e sempre acrescentando um detalhe novo. Mas não pensem que sou uma sádica maluca, é que consegui perceber como o mesmo fato pode impactar as pessoas de maneira tão diferente. As duas irmãs estavam juntas, viveram o mesmo pesadelo, mas contam versões muito distintas e trazem marcas singulares.

Quanto ao final, eu achei muito bem feito. Não é óbvio e nem surpreendente, é aquele meio termo que dá margem para gente acertar, mas com dúvida. Eu consegui suspeitar das pessoas certas, mas pelos motivos errados.

- A verdade pode fazer você apodrecer por dentro. Não deixa espaço para mais nada.

Mas, infelizmente a edição está recheada de erros de português e de revisão Não sou do tipo que se incomoda com isso, mas nesse caso eram tantos que algumas frases chegavam a perder o sentido. Isso aliado a qualidade questionável do material da capa me decepcionou um pouco, mas não o suficiente para atrapalhar a leitura. A equipe do TAG Inéditos já se desculpou pelo ocorrido e garantiu que os próximos kits não terão o mesmo problema. Oremos!

Por fim, Karin Slaughter ganhou mais uma integrante para o seu fã clube. Fiquei profundamente impressionada com a força da sua narrativa, pelos personagens complexos e bem construídos e pela trama que nos faz querer desvendar o mistério ao mesmo tempo em que não quer se despedir.

A autora


Karin Slaughter é uma autora de livros policiais, que estreou com o seu romance Cega em 2001. Publicado em quase 30 idiomas, tornou-se um sucesso internacional e entrou para o Dagger Award como "Melhor Thriller Debut "de 2001. 
Slaughter nasceu em uma pequena comunidade ao sul da Geórgia, e agora reside em Atlanta.

Avaliação (5/5)




B-jussssss!
;-p


14 comentários:

  1. Não conhecia o livro, mas fiquei mega curiosa para fazer a leitura quando você mencionou que precisou ter muito estômago. Adoro tramas envolventes, cheio de drama pessoal. Em relação ao desfecho que não surpreende, mas deixa dúvida eu com certeza suspeitaria da pessoa e dos motivos errados, sou péssima nisso rsrs. Uma pena a revisão do livro estar ruim, mas nada que uma atenção redobrada não resolva. Adorei a recomendação, está anotada.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  2. Olá fiquei muito interessada em ler esse livro, eu já adicionei na minha lista, espero que esse livro não seja de terror

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  3. A TAG É uma caixinha sensacional demais, morro de vontade de assina-la porque sei que só vem leitura impactante e em edições lindissimas. Eu nao fazia ideia que esse livro abordava temas tao pesados, apesar de nao ser um genero que tenho o hábito de ler, fiquei super curiosa!

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  4. Parece ser uma história bem dramática, eu achei o enredo bem envolvente e fiquei com muita vontade de conhecer o livro.
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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  5. eu gostei das suas palavras, mas como sou meio assim com a TAG, capaz que eu nunca nem chegue perto desse livro kkk

    mas quem sabe eu crie vergonha e pare de ter ranço da TAG e leia esse, suas palavras me fizeram pensar melhor.

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  6. A trama me parece muito boa o tipo de livro que faria gosto ter na minha estante hahaha mas minha listinha está tão lotada que não sei se o lerei nem tão cedo hahha um beijo moça!

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  7. Assim como vc também sou muito sensível para esse tipo de enredo, por isso costumo evitá-los; mas esse com certeza deve ser daqueles que envolve o leitor de forma total. Por isso amei conferir suas impressões e anotei a dica.
    Penso que livros assim, que não lemos com rapidez, acabam nos marcando bem mais, concorda!?
    Gostei demais de saber que o livro é todo bem estruturado, com personagens intensos e com sentimentos reais, além de ter um final bem amarrado. Valeu pela dica!!! Parabéns pela leitura.

    Leituras, vida e paixões!!!

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  8. Olá tudo bem? Adorei seu blog, que coisa mais linda, sobre o livro vi muitos falando ele, com uma abordagem especifica acredito que iria gostar da leitura, beijos!

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  9. Uauuu, eu não conhecia essa história e confesso que estou mega curiosa. Conheci a autora na Bienal do ano passado e foi incrível! Adoro a escrita dela!!

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  10. Olá!
    Lá no blog, a nossa resenhista Danielle também assinou a TAG Inéditos e adorou! Eu fiquei muito curiosa pra conhecer esse livro. É muito meu gênero literário. Gostei muito de suas impressões, mais um ponto para o livro. :)
    Abs
    Nizete
    Cia do Leiotor

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  11. Oi Nina.

    Eu não conhecia este livro que você resenhou e gostei das informações que você deixou na resenha. Mesmo que a edição está recheada de erros de português, eu fiquei bem curiosa pela história e vou adicionar na minha lista de desejados.

    Bjos
    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/

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  12. Não tinha ouvido falar dessa autora. Gostei do enredo da historia, mas fiquei com um pé atras sobre as cenas de crimes que você citou e em como se sentiu, não sei se iria conseguir prosseguir a leitura.
    Amei sua resenha e espero ler algum livro dessa autora em breve.

    Bjus**

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  13. Olá! tudo bom?
    Não conhecia a narrativa, mas é um tipo que eu curto muito ler, embora eu também fique bem tocada. vou anotar aqui sua dica, amei.
    beijos.

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  14. Ei BFF!!!
    Demorei, mas cheguei kkkkk sabia que você ia amar a leitura! A autora me conquistou logo na primeira leitura, e assim como você tive que fazer varias pausas, aliás, acho que Flores Partidas é mais pesado que a Boa Filha! Mas a Karin é maravilhosa!
    A trama é muito bem feita e te prende da forma exata, fico bem feliz em saber que gostou e que agora poderemos fazer leituras conjuntas dessa diva!!!

    Beijokas

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;-p